Recomendo essa música como trilha da leitura
Tinha vários planos pra esse domingo. Organizar o
guarda-roupa, dar uma volta de bike, trabalhar um pouquinho e escrever um texto
pro blog. O que eu fiz ao invés disso foram “vários nadas”. É incrível como é
fácil achar desculpas pra não fazer aquilo que exige da gente mais esforço do
que estamos dispostos.
O guarda-roupa foi o plano mais fácil de ser abandonado,
bastou dar uma olhadinha pra pilha de roupas em cima da mala do carnaval que,
diga-se de passagem, ainda não desmanchei que a vontade foi pro saco. Me
convenci que estava muito calor pra esse esforço físico todo.
A bike era o plano mais feliz do dia, talvez ainda dê uma
voltinha depois que acabar esse texto. A desculpa foi a chuva de ontem que
deixou as ruas embarradas o que vai dificultar meu caminho até a ciclo-faixa.
O trabalho? Não ter deadline estabelecido tem lá suas
vantagens, esse está sendo o mais difícil de driblar. Parece estranho o
trabalho ser o mais difícil de ser deixado pra lá em um domingo, mas quando se
trata da vida profissional, meu apego é ainda maior. Tenho começado a achar que
essas procrastinações relacionadas a entregas fora de hora são até um pouco
saudáveis, visto que, trabalhar o tempo todo não faz bem, nem pro corpo e nem
pra mente. Ainda assim, consigo ser um desses seres humanos exigentes que
acredita que falta de esforço não leva ao sucesso e após uma tarde adiando
aquilo que tinha planejado desenvolver, já me sinto um fracasso. Sabe o
discurso do “temos que pegar leve com nós mesmos”? Sou péssima colocando ele na
prática.
Chego a conclusão ,portanto, de que este texto nada mais é
do que o confronto com a minha culpa. Por que mesmo ocupamos todos os nossos
dias com esses milhões de planos que um dia nos levarão a um futuro brilhante? O que é futuro brilhante? Por que achar tão
errado o fato de que simplesmente não estamos com vontade de fazer aquilo que planejamos
e ponto final? Por que existe certo e errado quando se trata do que fazer com
os nossos dias de folga? E com as nossas vidas?
Essa ambiguidade do certo e do errado está sempre entre as
minhas principais reflexões. O bem e o mal. O melhor e o pior.
Joguei no Google semana passada a pesquisa “como ter uma vida
mais zen” e encontrei um texto de iniciação ao budismo que dizia que precisamos parar de encarar aquilo que acontece na vida como experiências positivas
ou negativas e simplesmente aceitar que são experiências. Em um primeiro momento
achei uma boa tática pra lidar com aquilo que faz mal, mas confesso que ainda
não sou evoluída o suficiente pra entender como não ficar feliz com o que acontece
de bom pode ser melhor.
Eu entendo que faz da rotina uma vivência mais tranquila,
mas não sei se faz mais rica,e definitivamente
deixa tudo menos interessante.
E aí? Uma vida de altos e baixos, de alegrias bem
comemoradas e tristezas intensamente vivenciadas ou uma sensação constante de
harmonia? Que escolha cativa mais as nossas vidas?
Ando tentando descobrir.