quarta-feira, 23 de setembro de 2015

era uma vez

Eu tenho esses dois amigos, que tem essa história super complicada.

Ela é essa guria linda, interessante, cheia de referencias, que consegue conversar sobre qualquer coisa. Ela é dessas pessoas que lê muito, que sabe um pouquinho de tudo, sabe? Ele já é mais agitado, adora uma rua. É uma dessas pessoas sociais, que senta numa mesa de bar pra divagar sobre a vida e tem sempre montes de pessoas na volta. Então, eles se conheceram. Se conheceram e foi aquela paixão avassaladora, não tavam nem aí pros nossos conselhos sobre "pisar no freio", eles não tinham amarras e resolveram aproveitar que a vida tinha (finalmente) surgido com uma surpresa tão boa.
Era um amor só aqueles dois. Sempre juntos, sempre tagarelando sobre o que pensam das coisas, sempre fazendo planos.
Até que ele começou a perceber ela um pouquinho distante. Mais introspectiva, mais na dela. Ele fico um pouco perdido, começou a achar que o problema era com ele, normal né. Ela explicou que não tinha nada a ver com ele, que as coisas com ela eram assim mesmo, que ela tinha umas fases difíceis. Ele se tranquilizou, mas só conseguia ver ela se afastar mais. E mais, até o dia que resolveu chamar ela pra conversar sobre o assunto.
Ele disse o que queria e o que não queria, apesar de ser bom com as palavras na mesa de bar, não tem o menor jeito nessas horas que é preciso ter paciência, coitado. E ela se afastou, explicando que o problema era com ela, e que ela não tava conseguindo se ajudar. Que era injusto manter ele perto dela. E aí, a tal linda história, foi por água abaixo.

E aí um tempo passou. Ela ficou lá cuidando dos problemas dela, ele ficou longe, lidando com as mágoas dele. Ele tentou se reaproximar várias vezes, algumas vezes até conseguiu, mas na maioria, acabou frustrado.

Que tipo de conselho se dá pra esses amigos tão complicados? Eu também não sei.

sábado, 19 de setembro de 2015

As vezes eu me questiono porque sou tão insistente, eu não devia largar fora do osso e parar de sofrer? Ouvir os discursos sobre amor próprio e as balelas sobre ser procurada.

Eu não sou a procurada, eu nunca fui a procurada, isso porque eu sempre fui ativa, nunca reativa. Porque enquanto eu procuro, eu estou fazendo algo por mim, pela minha consciência, pela minha felicidade. Eu não fico esperando os milagres acontecerem, as pessoas caírem do céu, porque quando eu começo a esperar, significa que eu já desisti.

Eu acho que ninguém perde por fazer, se o mundo fosse de fazedores ia ser mais bonito. Já pensou que lindo, se todo mundo fosse menos acomodado, menos orgulhoso e mais Ted Mosby? Que se fode porque só quer ser feliz?

Eu não me arrependo de nada que eu fiz até agora, e o dia que isso acontecer, tenho certeza que terei outras mil chances de recomeçar. Ando me puxando até o limite, ando tentando de verdade.

O sentimento de consciência tranquila, esse é impagável.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O nome desse blog não foi inspirado em "conversa de botas batidas" a troco de nada. Essa sempre foi a minha música de "tá tudo bem", porque afinal de contas, tá mesmo.

O cenário continua o mesmo,  nada mudou desde a última postagem melancólica. Tive mais baixos do que altos, deixei a fossa tomar conta, curti ela bastante mas, ao que tudo indica, coloquei o nariz pra fora. Só a pontinha, que começou a sentir aquele geladinho do fim do inverno e o cheiro das flores, lembrando que a primavera já vem aí. Junto com essa primavera, todo o colorido que eu deixei pra trás.

Não, eu não mudei de ideia, o cinza é realmente a minha cor, mas acho que ele fica extremamente bem acompanhado de pinceladas de vermelho, azul verde e laranja.

O caminho até os dias mais alegres do que tristes ainda precisa ser percorrido e enquanto isso, eu sigo aproveitando o gostinho confortável da tristeza, mas sem aquele aperto horrível no coração. Agora é só saudade, saudadinha gostosa essa que eu ainda quero manter pertinho mais um pouco.

Tudo isso, vem no entanto, acompanhado de um desejo de mudanças, de novas possibilidades, de novas alegrias. De sentir que as coisas vão bem. E que a minha felicidade está na palma da minha mão.

Eu  ainda desejo muito que a vida me surpreenda de uma maneira linda em uma quarta-feira no meio da tarde, eu não desisti do destino. E tomara que essa surpresa desperte aquela marina sonhadora e alegre, diria até meio bobinha. Aquela que sente que saiu pra dar uma voltinha mês passado e ainda não voltou pra casa. Aquela que resolveu acampar em frente a uma porta verde, que se fechou sem deixar quiça uma frestinha.  Por quê demora?

Encontrou uma janela aberta?

"Abre as cortinas pra mim, que não me escondo de ninguém."





quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sofrer pelo que não foi, pelo que foi e pelo que teria sido.

Por tudo que deu certo e queria sentir de novo, por tudo que deu errado e queria esquecer.

Pelo vazio que não passa, pela angústia, pela saudade.

Por todos os sorrisos falsos distribuídos, por todos os "tá tudo ótimo" mentidos, por todos os dias enfiados no trabalho pra não lembrar.

Por todos os monólogos dirigindo até em casa em uma tentativa de auto convencimento de que tá tudo bem, tudo sob controle, tudo exatamente onde deveria estar.

É incrível como tudo pode virar uma bagunça num piscar de olhos e como os dias mais difíceis são os mais cheios que sempre terminam subitamente vazios.

Nada como culpar os outros pela própria incapacidade de lidar com a solidão.